Publicação: 15 de maio de 2006Categorias: Entrevistas

 "O amor infinito é você fazer as coisas por quem você não conhece"

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Aracaju (Apae), fundada em 1968, é uma instituição sem fins lucrativos que atua nas áreas de saúde, educação e profissionalização de Portadores de Necessidades Especiais (PNEs). Homero Felizola é diretor da instituição e, juntamente com uma equipe qualificada, atende a diversas famílias de PNEs. Em entrevista exclusiva à equipe do Inclusão Social, o dirigente da Apae fala do trabalho assistencial, dificuldades da PNEs e da ONG, como colaborar, dentre outros assuntos. Confira!

INCLUSÃO SOCIAL – Que assistência a instituição presta aos portadores de necessidades especiais?

HOMERO FELIZOLA – A assistência que a Apae dá hoje aos alunos é a assistência médica, a assistência pedagógica e toda a estrutura de curso profissionalizante para aquele que tem acima de 18 anos. Aqui a área médica é toda completa, desde a odontologia, neuropediatra, terapeuta ocupacional, psicóloga, fisioterapia e fonoaudióloga.

IS – Quantos são atendidos na Apae?

HF – São 209 crianças atendidas aqui na Apae.

IS – A ONG é vinculada nacionalmente?

HF – Existe a Federação Nacional que fica em Brasília e nós somos 2.103 Apae´s em todo Brasil. É a maior ONG do mundo.

IS – Quais são as maiores dificuldades dos PNEs e da instituição?

HF – Há uma série de dificuldades que não é só a Apae-Aracaju que sofre, a maioria das Apae´s sofrem por não terem incentivo nenhum do Governo, seja municipal, federal ou estadual. Basta dizer que a verba que nos mandam aqui são R$ 6.222,00, quando a despesa total chega há R$ 48 mil por mês. Se não fosse a sociedade e algumas empresas que são parceiras da instituição nós já teríamos fechado as portas há muito tempo.

IS – E da instituição? Quais são as maiores dificuldades?

HF É que normalmente quando vem alguma dotação de algum deputado ou de algum convênio, normalmente a verba que é nos mandada é para material de consumo e material permanente. Só que nós pagamos toda equipe que trabalha aqui. No total são 54 funcionários, todo mundo recebe salário. Isso sem falar na energia, água, telefone, material… Tudo isso é pago com dinheiro que é arrecadado. O que precisa mudar na cabeça dos políticos é que toda instituição não precisa só de comida, mas precisa também de dinheiro. Não só para honrar os compromissos, mas também para fazer algum tipo de investimento.

 IS – Quanto às famílias, há alguma atividade/ação?

HF – Acho que 2006 está sendo um ano muito feliz para Apae, porque tanto a área de saúde, como a área pedagógica, está se procurando envolver a família dessas crianças o máximo possível, pois não adianta aparelhar a instituição se a família não aparece, não comparece e não se envolve com todo o trabalho que está sendo desenvolvido aqui na instituição. No ano passado foram dados dois cursos para as famílias, para que as mães tivessem algum tipo de renda, para ajudar a criança dentro de casa. E neste ano estamos fazendo todo esse tipo de investimento, que é trazer a família para dentro da instituição. Não adianta se a fonoaudióloga ou o pessoal da fisioterapia faz um trabalho aqui, se em casa não há uma continuidade do trabalho feito. Então o que estamos fazendo esse ano é trazendo a família, não todos de uma só vez e sim em grupos, para que esse grupo tenha um resultado muito melhor. Quanto menor o grupo, muito mais fácil é de trabalhar com as pessoas. O intuito é mostrar a eles que a escola está tentando dar o melhor dela para o filho e a família tem que participar, afinal ninguém paga nada aqui na escola. A única coisa que queremos é que a família participe mais da escola e nisso a parte psicológica e a área de saúde está batendo pesado, fazendo esse desenvolvimento.

IS – Como as pessoas podem colaborar?

HF – Eu sempre brinco quando vou a algum lugar falar sobre a Apae dizendo: se cada cidadão que trabalha no Estado de Sergipe doasse um real para nós, a Apae seria a instituição mais rica de Sergipe. É que algumas pessoas às vezes acham que as pessoas aqui só precisam de comida e não de investimento. E investimento a gente só consegue com dinheiro.

IS – Vocês têm divulgado a Apae?

HF – Eu acho que nunca se divulgou tanto a Apae como do ano passado para cá, não só no sentido de procurar as pessoas para ajudar, mas principalmente no sentido de mostrar o que nós estamos fazendo. Mostrar às pessoas a transparência do dinheiro que é aplicado aqui na instituição. Cada real que entra aqui não sou eu que resolvo, mas toda a equipe se junta para saber no que vamos gastar, qual é a prioridade daquele dinheiro.

IS – E como você se sente como pessoa, ajudando todas essas famílias?

HF – Dizem que Deus quando criou o mundo passou para as pessoas o amor infinito. E o amor infinito é você fazer as coisas por quem você não conhece, por quem você nunca viu.

Por Heloisa Rocha
Da Redação (Aracaju/SE)

 

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