Publicação: 28 de setembro de 2005Categorias: Notícias







Foto: Arquivo JC
Exclusão social durante dez anos é crítica em Sergipe


 


O índice de exclusão social em Sergipe, durante 10 anos – de 1990 a 2000 –, chegou a níveis críticos, principalmente na zona rural. Os governos deste período não se preocuparam com saneamento básico, abastecimento de água e nem mesmo com o recolhimento do lixo doméstico. Para completar, há uma imensa massa de excluídos que conseguiram sobreviver com menos de um dólar por dia. Estes e outros percentuais juntos colocam Sergipe como o segundo Estado nordestino com um alto índice de exclusão social – 36,08% – perdendo apenas para o Maranhão, com 50,30%. Em todo Nordeste, este índice é de 40,95% e no Brasil é 25,34%.


 


Estes percentuais fazem parte de uma pesquisa do professor da Universidade Federal do Ceará e Estadual do Maranhão, José de Jesus Souza Lemos, publicadas num livro de sua autoria intitulado Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de um país assimetricamente pobre”, lançado recentemente pelo Banco do Nordeste do Brasil. Esta semana, o superintendente do BNB em Sergipe, Saumíneo Nascimento, mostrou os percentuais a respeito do Estado e chegou à conclusão que, entre o início dos anos 90 e 2000, a zona rural foi praticamente relegada pelos poderes públicos.


 


Os dados coletados pelo pesquisador têm como referência o Censo de 2000, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra curiosidades alarmantes. Dos 75 municípios sergipanos, os três com os maiores índices de excluídos, pela ordem, são os seguintes: Santa Luzia do Itanhy, com 65,92% dos 13.948 habitantes na faixa de excluídos; Riachão do Dantas, dos 19.202 habitantes, 61,98% são excluídos; e Tomar do Geru, onde 60,31% dos 12.840 habitantes são excluídos. Mas, há também os três menores índices de exclusão: Aracaju, onde 12,10% dos 461.534 habitantes; Nossa Senhora do Socorro, que 26,17% dos 131.671 habitantes estão na faixa de excluídos; e Própria, onde 29,44% dos 27.385 habitantes são considerados excluídos sociais.


 


Colocação


 


A pesquisa de José Lemos tomou como base os índices de privação, que são os seguintes: privação de água, saneamento, lixo, educação e renda que, juntos, constituem o índice de exclusão social. Com relação especificamente a estes índices, Sergipe, em sua maioria, fica sempre na segunda colocação, o que não deixa de ser um dado grave porque é o menor Estado do país e, também, revelando o desleixo dos órgãos públicos diante de situações elementares. No índice de privação de água, por exemplo, 24,43% da população sergipana padece deste mal, perdendo apenas para o Rio Grande do Norte (21,76%). No Nordeste, este índice é de 23,80%.


 


A região Nordeste é que mais sofre com a privação de saneamento básico. Enquanto, em todo Brasil, este índice é de 40%, no Nordeste chega a alarmantes 63,10%, enquanto Sergipe ostenta 57,07%. Neste caso, Sergipe só perde para Pernambuco, que tem 56,18% da população padecendo de privação de saneamento. No quesito privação de educação, Sergipe fica em terceiro lugar na região nordestina, com 23,05%, mas este índice chega a ser quase igual ao do Nordeste, 24,77%. A Bahia tem 21,6% e Pernambuco 23,20%. Em todo Brasil, este índice é de 13,05%.


 


A privação de renda no Nordeste é extremamente alta, atingindo 63,36% da população, enquanto Sergipe tem 58,88%. É o segundo menor da região, perdendo para o Rio Grande do Norte, com 57,87%. A renda média mensal, em dólar, das famílias em seus domicílios no Brasil é de US$ 4090,93; no Nordeste, US$ 244,04; e em Sergipe US$ 255,02. A renda da família sergipana é inferior a Pernambuco, US$ 286,26, e ao Rio Grande do Norte, US$ 276,09. Mais de 43 milhões de brasileiros são considerados excluídos socialmente, no Nordeste são mais de 19 milhões e em Sergipe, 643.831 habitantes.


 


Nas capitais


 


Entre as capitais nordestinas, Aracaju tem 12,10% da população excluída, que representam 55.828 habitantes. À frente, está Salvador, com 10,75%. Mas, a situação de Teresina é a mais grave, com 22,82% de excluídos. Fortaleza tem 17,99%; Recife, 15,24% e Maceió com 22,04%, que representam 178.726 excluídos. Em Aracaju, apesar das constantes reclamações por falta de água, 4,26%, segundo a pesquisa, é privada deste benefício. Em Maceió, este problema atinge 18,29% da população; em São Luiz, 21,24%, e em Recife, 12,04%. No item privação de saneamento, 16,52% da população aracajuana sofre deste mal, enquanto, em Maceió, este percentual chega a 52,97%.


 


Na privação de serviço de recolhimento de lixo, na capital sergipana, apenas 4,05% da população; em Maceió, 6,24%; em São Luiz, os percentuais são altos: 26,85%. Em privação de educação, Aracaju tem apenas 9,5% da população sem ter ido à escola; em Maceió, 16,30%; São Luiz, 6,9% e Teresina, 21,40%. Na privação de renda, 25,48% da população aracajuana vive com menos de um dólar por dia. Em Maceió, este percentual é de 30,85%; Teresina, 40,17%, e São Luiz, 39,44%.


Em São Miguel do Aleixo, dos 3.447 habitantes, 76,86% deles têm privação de renda, ou seja, sobrevivem com menos de um dólar por dia. Na renda do chefe de família, o pior município é Santa Luzia do Itanhy onde uma família consegue sobreviver com uma renda mensal de US$ 97,40.


 


Por Antônio Carlos Garcia


Fonte: Jornal da Cidade