Publicação: 1 de maio de 2009Categorias: Notícias

 

Foto: Alberto Dutra

Índios fazem apresentações em escolas

Treze índios da tribo Kariri Xocós, de Porto Real do Colégio, em Alagoas, estão em Aracaju e se apresentaram, desde o último dia 3, em mais de 60 escolas. O cacique Taruanã explicou que outros grupos da mesma tribo foram para Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, para também fazer apresentações e vender artesanato. Por conta do dia do índio, comemorado em 19 de abril, este é o mês que eles conseguem arrecadar nas escolas alimentos para as 515 famílias que vivem na tribo, totalizando cerca de três mil índios.

"No ano passado chegamos a 2.500 quilos, que deu para uns três meses. O resto do ano, a gente vive da roça de milho, feijão e mandioca", informou o cacique. Ele contou que a tribo não tem recebido ajuda da Fundação Nacional do Índio (Funai). "Só o pessoal da Funasa aparece lá, os médicos e enfermeiros trabalham muito para os índios", acrescentou o cacique.

A reserva da tribo compreende apenas 600 hectares, o que é pouco, segundo Taruanã. "Estamos esperando a boa vontade do governo para dar o que é nosso, mais terra. Demarcaram 2.600 hectares, mas a Funai diz que não tem recursos para pagar os posseiros", revelou o cacique. Na aldeia – que há mais de um século reuniu duas tribos: os Kariris de Alagoas e os Xocós de Sergipe – existem duas escolas, mais de 400 casas de alvenaria e até computadores conectados à internet.

"Muitos alunos fazem perguntas pelo que vêem nos livros, mas agora a história é outra. Eles pensam que a gente ainda vive nas ocas", disse o cacique. Além de conversar com os alunos, fazer a venda do artesanato e arrecadar mantimentos, os índios apresentam nas escolas da dança do Toré. "São cantos e danças que fazemos em duas ocasiões, quando morre ou nasce um índio. Quando morre é para que ele tenha paz e a alma vá para um bom lugar e quando nasce é por causa da alegria porque é mais um índio na tribo", esclareceu o cacique.

Para ele, a aldeia dos Kariris Xocós não vai acabar por conta da tradição. "Temos muitos rituais sagrados que sustentam nosso povo. O que eu tenho medo é de ficarmos abandonados pela Funai. Por enquanto, ainda temos uma certa proteção e apoio, mas não sabemos até quando", revelou o cacique, acrescentando que mantém contato com outras tribos pela internet, principalmente as do Nordeste do país. Em Aracaju, a estudante de Pedagogia Elaine de Souza, é que faz a ponte entre os índios e as escolas. "Ela é nosso braço direito", admitiu o cacique.

Fonte: Jornal da Cidade

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