Publicação: 29 de julho de 2015Categorias: Notícias

1Cerca de 55% das cidades brasileiras correm o risco de não manter o atual nível de abastecimento de água já em 2015, segundo estimativa da Agência Nacional de Águas (ANA). Dessa forma, as dificuldades relacionadas à captação, uso e tratamento da água têm se tornado um problema nacional, despertando nos órgãos públicos e na sociedade civil a necessidade de criar alternativas para a resolução dos problemas hídricos nas comunidades rurais e áreas urbanas.

Na comunidade pesqueira da Ilha Grande, no município de São Cristóvão, a falta de acesso à água de qualidade é um dos principais entraves à manutenção e ampliação dos cultivos familiares e ao desenvolvimento da pesca. Por isso, alternativas acessíveis e de baixo custo estão sendo implementadas pela ONG Sahude (Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico) através do projeto “Frutos da Ilha”, contemplado pelo edital Petrobrás Integração Comunidades 2013.

Em nove meses de projeto, já foram construídas 13 tecnologias sociais voltadas à autonomia hídrica da comunidade da ilha, através dos cursos de capacitação: seis ecofossas ou bacias de evapotranspiração (BET), dois círculos de bananeiras, quatro banheiros secos e uma cisterna de ferrocimento, além das que estão previstas ao longo do projeto ‘Frutos da Ilha’.

Tecnologias sociais

2A BET (ou ecofossas) é uma das tecnologias sociais indicadas para o tratamento das águas negras, provenientes da descarga de sanitários convencionais, que não gera nenhum efluente e evita a poluição do solo, das águas superficiais e do lençol freático, enquanto o círculo de bananeiras é indicado para tratar as águas usadas da casa (pias, tanques e chuveiros), as chamadas águas cinzas, além de beneficiar a produção de bananas em escala humana. Já os banheiros secos compostáveis são uma tecnologia social que dispensa o uso de água para a descarga, apropriado para regiões com problemas de abastecimento como é o caso da ilha.

“De uns tempos para cá, a gente passou a comprar em são Cristóvão muita coisa que antes a gente plantava, por causa desse problema da água. E agora estamos aprendendo a construir tudo isso pra ter água no nosso quintal”, afirmou Márcia dos Santos, proprietária da casa onde foi construída a primeira cisterna de ferrocimento, através do curso de capacitação ministrado pelo consultor ambiental Raphael Autran, coordenador da Baobá Tecnologias Ambientais.

Além das tecnologias já implementadas, deverão ser construídas ao longo do projeto mais nove cisternas de ferrocimento, com capacidade para armazenar 12 mil litros de água. “Nossa intenção não é garantir a doação de uma cisterna, mas capacitar a comunidade para que os próprios moradores sejam capazes de replicar a técnica em suas casas de maneira autônoma e garantir segurança hídrica para a manutenção das atividades que eles já protagonizam. Todas as tecnologias sociais previstas pelo projeto têm a autonomia como eixo norteador”, afirma Guilherme Belchior, coordenador do projeto ‘Frutos da Ilha’.

 Fonte: ONG Sahude