Publicação: 20 de março de 2017Categorias: Notícias

Aracaju sediou a vivência ´Palhaças, bem vindas sois vós´. Este mês também no Rio de Janeiro e na Chapada Diamantina, seguindo para Salvador (abril) e Recife (junho). O curso nasceu há 10 anos, num momento em que Salvador tinha muitas mulheres buscando a palhaçaria, e Felícia de Castro era ainda uma das poucas referências de mulher-palhaça na cidade. “É uma roda de amor que funciona como um suporte acolhedor para lidar com os tocantes desafios de se desarmar e de expor a si mesma, que regem a arte da palhaçaria. Mergulhar no contato com nossa criança, no nosso profundo feminino e na descoberta da palhaça que é uma dilatação de nossa essência. É uma jornada que tem promovido transformações curativas”, revela.

A sugestão de fazer um trabalho direcionado às mulheres veio do palhaço Demian Reis, companheiro de Felícia no grupo ´Palhaços para Sempre´. Era inicialmente apenas para palhaças atuantes ou que já tivessem recebido algum curso anterior, mas reunir mulheres para mergulhar na libertação que vem da comicidade foi de uma força tão apoteótica que o trabalho foi se mostrando muito mais abrangente e necessário. “Embora eu sempre deixe claro que o foco do trabalho é artístico, não terapêutico, é inevitável a consequência em autoconhecimento e crescimento pessoal. Também porque a arte que pratico é inseparável da cura e do ritual. Eu vejo a palhaçaria como amor e transbordamento de humanidade e isto é altamente revolucionário, levando em consideração o contexto hostil que estamos vivendo hoje”, comenta Felícia.

O trabalho passa, entre outras coisas, por ter coragem de tocar nossa própria vulnerabilidade e conseguir estabelecer uma conexão verdadeira com o outro. Pode ser uma experiência regeneradora para as mulheres aceitarem-se imperfeitas e entrarem em contato com o ridículo e o estranho. Para Felícia, essa é a liberação de um riso que está ligado à natureza e à sexualidade, que gera uma força criativa muito grande, e há um impacto desta força na vida. Ao final da vivência em Aracaju aconteceu o lançamento de ´Ridículos´, um filme dos baianos Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge.

“É uma homenagem à palhaçaria. A obra toca o processo de iniciação e construção do palhaço e revela o quanto de humano podemos transbordar quando aceitamos quem somos e expomos nossa vulnerabilidade. E ainda, o quanto rir de si mesmo pode ser curativo”, pontua a profissional. Ainda sem previsão para uma segunda turma em Sergipe, a vivência ´Palhaças, bem vindas sois vós´ segue Brasil afora, despertando novas palhaças e libertando mulheres de prisões. Informações: www.facebook.com/palhacasbemvindassoisvos.