Publicação: 28 de abril de 2008Categorias: Notícias

‘Virada Cultural’ – Por Helô Rocha*

Desde 2005, a Prefeitura de São Paulo promove anualmente a Virada Cultural. O evento que foi inspirado na Nuit Blanche parisiense, que agita anualmente a capital francesa com atrações que seguem madrugada adentro, leva a cidade paulista 24 horas interruptas de uma maratona cultural. Nessa maratona estão incluídos shows, peças de teatro, exibições de filmes, concertos, danças etc. Tudo isso acontecendo em diferentes locais da cidade de forma simultânea.

A fim de facilitar o deslocamento das pessoas até os locais onde acontece o evento, foi decidido que o metrô funcionasse por 24 horas ininterruptas e boa parte do trânsito da região central foi desviado, para maior conforto do público circulante. As linhas de ônibus foram circularizadas e às 16h do sábado o Bilhete Amigão, onde o usuário faz até quatro viagens de ônibus em um período de oito horas, pôde ser utilizado.

Em sua quarta edição, das 18 horas de sábado, dia 26 de abril, às 18 horas de domingo, os paulistanos e visitantes tiveram acesso a atrações culturais de diversas vertentes. Com mais ou menos 800 atrações, o evento recebeu cerca de 4 milhões de pessoas, onde esteve presente também um nível significante de pessoas com deficiência. Para isso, a Prefeitura de São Paulo montou um esquema de acessibilidade para eles nos locais do evento.

 Nos shows, as pessoas com deficiência tinham acesso à parte da frente do palco, local onde se concentra a imprensa, e possuía grades e seguranças para impedir que os indivíduos ultrapassassem o local. Com isso o deficiente podia ter uma visão privilegiada do palco. Já nas atrações fechadas, os esquemas montados nas ruas dispunham de rampas para a pessoa conseguir ver a atração de perto. Nos locais fechados, a exemplos do Teatro Municipal ou nas unidades do Sesc, a própria direção se encarregava de tornar o espaço o mais acessível possível.

Além disso, banheiros químicos para deficientes foram colocados em alguns pontos da rua, porém, eles não eram vistos com muita freqüência em relação aos banheiros químicos normais. O único ponto negativo percebido foi de que as calçadas de São Paulo, por serem muito esburacadas, não proporcionam o fácil acesso para o deficiente se locomover sozinho de um ponto a outro a pé.

Com muito sucesso, o grande trunfo da Virada tem sido levar atrações de primeira linha a cidadãos de todas as classes sociais, muitos dos quais nunca pisaram num teatro ou sala de concerto anteriormente. Também tem contribuido para o renascimento do Centro Velho de São Paulo, ao levar os paulistanos para a região, que habitualmente se esvazia durante a noite.

*Helô Rocha é jornalista. Atualmente reside em São Paulo, é portadora de Osteogênese Imperfeita, membro da Ong ISocial e correspondente do Portal Inclusão Social.