Publicação: 2 de fevereiro de 2010Categorias: Notícias

Fotos: Internet 

Destino do lixo: problema de cidades em desenvolvimento

Por Elaine Mesoli
Estagiária em Jornalismo/UFS

Todos os dias produzimos toneladas de lixo. Individualmente a produção fica entre 0,5 e 1 kg. Agora multiplique isso pelo número de habitantes de cada cidade e o resultado será de algumas toneladas diárias. Atualmente o destino do lixo é um dos maiores problemas das grandes cidades. Mais do que medida de saneamento básico, encontrar um local que receba o que nós mesmos rejeitamos é uma tarefa árdua e necessita de muita articulação política.

Numa cidade com uma população de mais de 500 mil habitantes, como Aracaju, esse lixo representa cerca de 40 toneladas diárias. Além do lixo doméstico, temos o lixo industrial, hospitalar e comercial. E para onde vai todo esse lixo?

Lixão

No Santa Maria o lixo ficava à ceu aberto de forma inadequada. Um dos problemas era os catadores de material reciclável que ficavam no local se expondo à contaminação. Em geral, eram famílias inteiras que moravam nos arredores e viviam praticamente do lixo. Até as crianças perambulavam em meio ao lixo, perdendo a infância e vivendo em condições sub-humanas se alimentando do que encontravam pelo caminho.

Mais de 50% do lixo que produzimos e que formará os chamados "lixões" é composto de materiais que podem ser reutilizados ou reciclados. Agora imaginem quanto material que está lá, ocupando espaço poderia ter tido outro destino. Sim, porque somente 2% do total de lixo limpo é reciclado. No Santa Maria os catadores foram removidos e foi criada uma cooperativa de recicláveis, a Care. Com essa medida eles geram renda e não vivem mais em condições insalubres.

Atualmente o lixão se transformou em um aterro controlado e a Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), que faz a limpeza urbana da capital, vem tomando algumas medidas de proteção ao Meio Ambiente e à saúde, por exemplo, cobre o lixo com uma camada de areia para que não fique exposto por muito tempo. Ainda assim o lixo lançado dessa forma traz problemas à saúde pública, uma vez que fica uma quantidade enorme de insetos e roedores que se proliferam e espalham doenças. Além de gerar mau cheiro e, principalmente, poluir o solo e as águas superficiais e subterrâneas através do chorume – líquido de cor preta, mau cheiroso e altamente poluidor produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo.

 

Uma solução e uma alternativa

Os órgãos públicos já discutiram alternativas para o destino do lixo na Grande Aracaju, mas os prefeitos de três cidades que compõem a Grande Aracaju (Aracaju, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão) parecem ter achado uma solução que agrada e atende aos municípios. No dia 17 de dezembro de 2009 assinaram um protocolo de intenções para construção de um aterro sanitário na região. "É o primeiro passo de uma longa caminhada rumo à solução de um problema histórico das nossas cidades", afirmou Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju.

Após inúmeras discussões, a possibilidade de o aterro ser implantado em um terreno no bairro Palestina, em Socorro vem sendo discutida e já estão sendo feitas pesquisas que estudam o impacto ambiental que a região poderá sofrer, cujo resultado está previsto para o mês de fevereiro de 2010. Após isso, as prefeituras irão esperar o licenciamento de construção pela Administrãção Estadual do Meio Ambiente (Adema).

O prefeito de São Cristóvão, Alex Rocha, afirmou que o fim dessa "problemática do lixo vai ajudar o Meio Ambiente". Mas será que esta solução ajudaria mesmo? O tratamento do chorume eliminado pelos aterros sanitários causa uma menor poluição ao Meio Ambiente. Se houver a coleta de biogás e sua utilização o Brasil pode sair ganhando, pois conforme o previsto no Protocolo de Quioto poderá obter como recompensa financeira a compensação por créditos de carbono. Depois que o aterro atingir o limite de capacidade de armazenagem pode se transformar num espaço verde ou de lazer e eliminar o efeito negativo. Dessa forma, a ajuda ao meio ambiente poderia se tornar uma questão de interesses políticos e econômicos.

Em sentido contrário à construção do aterro está o sociólogo e professor Geraldo Viana que defende a instalação de uma usina de valorização de resíduo sólido capaz de transformar a coleta em energia elétrica. Em Recife e no Rio de Janeiro existem projetos semelhantes de transformação do lixo. "Em termos de área utilizada, a usina consegue aproveitar dez vezes menos o espaço utilizado pelo aterro e custa somente 1/5 do valor gasto em aterros, alem de utilizar a mão de obra dos próprios catadores", explica.

 

Mudança de hábitos

Enquanto não temos soluções práticas e definitivas da falta de impacto e ajuda ao Meio Ambiente dos vários destinos que o lixo pode ter, cabe a nós incorporarmos à nossa vida hábitos saudáveis e diminuirmos o lixo em busca de uma melhor qualidade de vida e preservação da natureza.

Esse é um processo fácil. Bastaria que utilizássemos a fórmula dos RE’s: Redução, Reutilização, Recuperação, Reciclagem e Repensar hábitos de consumo. Também ajudaria fazendo parte da coleta seletiva da cidade. No Brasil esta ainda é uma prática incipiente, pouco mais de 80 municípios, basicamente nas regiões Sul e Sudeste do País possuem o serviço. Em Aracaju, 20 bairros fazem parte da coleta seletiva e basta que a comunidade manifeste interesse para que seja incluída.

Parece não ser muito, mas a incorporação desses hábitos, além de mudar a nossa vida, funciona como uma reação em cadeia: melhora nossa casa, nossa comunidade, nossa cidade, nosso País e torna o mundo que a gente vive um lugar muito mais aprazível.

Curiosidades:
– Cada 50 kg de papel usado, transformado em papel novo, evita que uma árvore seja cortada.
– Cada 50 kg de alumínio usado e reciclado, evita que sejam extraídos do solo cerca de cinco mil quilos de minério, a bauxita.
– Com um quilo de vidro quebrado, faz-se exatamente um quilo de vidro novo que pode ser reciclado infinitas vezes.

Para saber mais sobre reciclagem:
www.stome.net/educa/esc/rpapel.htm

www.ub.es/geocrit/sn/sn119-33.htm

www.alcanrecicla.com.br

www.lsi.usp.br/econet/artigo/geoeco.htm

www.entrecicle.com.br/gcon/Navega.jsp?pIdConteudo=1136

www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/2001/heemann.pdf
www.unilivre.org.br/centro/experiencias/experiencias/128.html