Publicação: 30 de agosto de 2005Categorias: Notícias


Garoto precisa de mão mecânica e mãe pede ajuda à sociedade

 



Imagine uma criança que teve a mão amputada por conta de fogos de artifício. Qual a primeira coisa que te vem à cabeça? Possivelmente muitos de nós ainda tenhamos o automatismo de perguntar: “O que foi? Como foi?”. Já parou para pensar que perguntas como estas doem muito mais que a dor física da perda da mão? Então, antes de perguntar qualquer coisa pense em como você pode ajuda.


 


Muito mais que o auxílio financeiro de receber uma mão mecânica esta criança precisa de seu respeito. Não diga coisas do tipo: “Coitadinho, tão novo e sem mão”. E pior, muitos dão apelidos “carinhosos”, tentando minimizar o fato. Pessoas com esse tipo de perda precisam que você, antes de tudo, as trate como seres humanos e que perceba que elas são especiais principalmente porque são fortes, batalhadoras e resistentes à dor maior do preconceito.


 


O município sergipano de São Cristóvão teve há dois meses um caso assim. Aconteceu com Augusto César Ferreira de Santana (10), quando brincava com Ramon no quintal, o filho de sua vizinha. Os dois garotos juntaram 12 chuvinhas em uma taboca e, após socarem, acenderam o fósforo. Na primeira tentativa Augusto César segurava o fogo com a mão direita e pensou em coloca-lo no chão. Na segunda tentativa o fogo de artifício acendeu e, além de atingir o amigo Ramon, feriu gravemente todos os seus dedos da mão esquerda e os olhos.


 


Os garotos foram levados com urgência ao Hospital João Alves Filho naquela data, 10 de junho. A mãe do garoto, Marinês Santos Ferreira de Santana, que trabalha na Puras, saiu às pressas para o hospital quando foi avisada do acidente pela vizinha Ivanildes. “Meu coração de mãe me disse que algo muito sério tinha acontecido. Sou hipertensa e não sei como não tive um ataque na hora. Cheguei no hospital e já me encaminharam ao Setor de Serviço Social, informando que deveria assinar um documento autorizando que amputassem a mão de meu filho. Entrei em pânico e quis ver o médico. A gente pensa que isso nunca vai acontecer com a gente”, comenta ela. A hemorragia no olho direito de Augusto foi sanada, mas a mão esquerda do garoto realmente teve que ser retirada. A força do fogo de artifício foi tamanha que a platina colocada no braço de Augusto só pôde ser retirada há 15 dias.


 


Passados os primeiros momentos do acidente, vêm à tona diversos pontos da questão. Por vergonha, a criança tem medo de sair à rua e de ir à escola com o braço descoberto das ataduras. Vergonha que alguém pergunte o que aconteceu ou que coloque algum apelido. Mexer e remexer na ferida dói demais, pois em meio a tudo isso, afinal, a vida continua. Não adianta ficar nervoso, agitado, perder o controle da alimentação, nem acusar Deus como causador do problema. Qualquer adulto ou criança que passe por esta situação deve lembrar que há muitos exemplos assim, ou piores. No próprio caso, Augusto poderia ter perdido a visão, ou Ramon ter se machucado gravemente, o que felizmente não ocorreu.


 


“Sempre que eu via alguém em uma situação como a de meu filho sentia pena e pensava em como poderia ajudar, mas nunca tinha me colocado no lugar da pessoa. Hoje me coloco e sei do tamanho desta dor. Se eu pudesse doaria minha mão para meu filho. O mínimo que posso fazer hoje é buscar junto às pessoas uma mão mecânica”, expõe Marinês, ressaltando que a prótese sem movimento custa em média R$ 3 mil e a com movimento mais de R$ 40 mil. Quem puder e quiser colaborar com qualquer quantia os dados da conta poupança do Banco do Brasil são: Agência 2346-9 / Conta 20671-7. O telefone de contato em Aracaju para saber outras formas de como colaborar é o (79) 3224-9235 (Raimunda, irmã de Marinês). “São tantos os porquês em minha mente: Por que ele não colocou o fogo no chão? Por que o fósforo acendeu?Mas Deus sabe o que faz… Tenho certeza que as pessoas vão ajudar meu filho a ter uma mão de volta”, comenta ela.


 


Por Waneska Cipriano


Da Redação (Aracaju/SE)