Publicação: 20 de dezembro de 2008Categorias: Notícias

IDH do Brasil cresce; país é 70º no ranking

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou entre 2005 e 2006 e o país manteve a 70ª posição em um ranking entre 179 nações (o maior número já considerado no índice, com dois territórios em relação ao ano anterior), de acordo com os dados inéditos divulgados pelo PNUD nesta quinta-feira. O fator mais relevante para a melhoria do país foi o crescimento no índice relativo à taxa de alfabetização; PIB per capita e longevidade, outros dois indicadores que compõem o índice, também apresentaram aumento.

Os números (recalculados com nova metodologia, inclusive para anos anteriores) mostram que o Brasil atingiu IDH de 0,802 em 2005 e de 0,807 em 2006, ficando em 70º em ambos os anos – o índice varia de 0 a 1. O resultado mantém o país entre as nações de alto desenvolvimento humano (IDH maior ou igual a 0,800), posição que passou a ocupar após a divulgação do Relatório de Desenvolvimento Humano do ano passado. No ranking atual, o Brasil aparece abaixo da Albânia e acima do Cazaquistão (ambos com 0,807, com pequena desvantagem ou vantagem no cálculo com cinco casas decimais). Em relação ao ranking passado, o Brasil foi ultrapassado pela Venezuela (61º no ranking, IDH de 0,826), pela ilha de Santa Lúcia, nas Antilhas (66º, IDH de 0,821) e pela entrada de duas novas nações na lista: Montenegro e Sérvia (64º e 65 º, respectivamente). Em compensação, ultrapassou quatro nações: Rússia, Ilhas Maurício, Bósnia Hezergovina e Tonga.

Educação ajuda no desempenho

O cálculo do IDH é composto de três subíndices: longevidade, renda e educação. Em todos eles o Brasil avançou. Para monitorar o desempenho em educação, são usados dois indicadores: taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de idade e taxa bruta de matrícula nos três níveis de ensino. Os novos números mostram que taxa de alfabetização brasileira aumentou de 88,6% para 89,6% (10,4% de analfabetismo), correspondendo ao principal motivo da melhoria do IDH brasileiro. Já a taxa bruta de matrícula não sofreu alteração. No ranking do índice referente à educação, o Brasil é o 65º do mundo.

A expectativa de vida também ajudou na melhoria. Passou de 71,7 anos, nos dados de 2005, para 72 anos em 2006. No entanto, o país é apenas o 80º do mundo no quesito longevidade. O componente de renda, embora tenha crescido em relação ao ano anterior, ainda é um indicador que puxa o IDH do Brasil para baixo: o país tem o 77º IDH renda. Por outro lado, a diferença de sete posições no ranking do IDH e no PIB per capita pode ser vista como um dado positivo: o Brasil consegue fazer, melhor do que outros países, com que a renda se transforme em melhor desenvolvimento humano para a população.

A decomposição do IDH mostra que o Brasil tem um subíndice de renda inferior ao da América Latina e à média mundial. Em esperança de vida, supera a média global, mas não a latino-americana. Educação é a dimensão em que o Brasil mais se aproxima dos países ricos, superando a média mundial e a da América Latina.

Na região, 12 países da América Latina têm desempenho superior ao IDH brasileiro, entre eles Chile (40º no ranking, IDH de 0,874) , Argentina (46º, IDH de 0,860), Uruguai (47º, IDH de 0,859), México (51º, IDH de 0,842) e Venezuela. Outras 16 nações da região ficam abaixo do Brasil no ranking, como Colômbia (80º, IDH de 787), Paraguai (98º, IDH de 0,752), Bolívia (111º, IDH de 0,723) e Haiti (148º, IDH de 0,521).

Metodologia

Os indicadores e a metodologia usados neste ano foram revisados e aperfeiçoados em relação aos do ano passado. A maior alteração se deu por conta de uma grande atualização do Banco Mundial e da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) nos dados que compõem o Produto Interno Bruto per capita, ajustado pela paridade do poder de compra (dólar PPC, método que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Até o ano passado, para efeito de comparação de PIBs entre países eram usados preços de 1993. A revisão atualizou os preços para 2005. O novo cálculo fez com que o PIB de 70 países fossem revisados para baixo e os de 60 outras nações, para cima – o que explica grandes diferenças em relação ao ranking divulgado no ano passado, como o Equador, que subiu 17 posições, a Venezuela, que subiu 13 (nos dados recalculados, ela não chegou a ser ultrapassada pelo Brasil, conforme mostrava o RDH do ano passado) ou a China, que caiu 13.

Por conta dessas diferenças metodológicas, o IDH não pode ser comparado aos divulgados em anos anteriores. Porém, para permitir a identificação de tendências, o PNUD usou os novos métodos para recalcular o IDH de 2005 e de outros 7 anos de referência: 1980, 1985, 1990, 1995 2000, 2003 e 2004.

Em uma comparação feita com esses dados em relação a alguns países da região, o Brasil tinha, em 1980, um índice superior ao do Paraguai, mas bastante inferior ao do Chile, Argentina, México e Venezuela. A posição brasileira não mudou desde então, mas a nação acumulou, junto com o Chile, um dos maiores crescimentos, se aproximando muito da Venezuela.

O Brasil demonstrou expansão desde o início da década de 80, mas foi a partir de 1995 que começou a se aproximar mais dos outros países. Isso ocorreu até 2000, quando parou de crescer, para voltar a ter um aumento mais lento do IDH a partir de 2003.

A Islândia continua no topo da lista do IDH, com 0,968, seguida de perto por Noruega (com 0,968, mas com número inferior no cálculo de cinco casas decimais) e por Canadá (0,967), novo terceiro colocado. Na ponta de baixo, o pior IDH permanece sendo o de Serra Leoa (0,329); a penúltima colocação fica com a República Centro-Africana (0,352) e a antepenúltima, com a República Democrática do Congo (0,361). Em relação ao ranking anterior, foram acrescentados três países (Montenegro, Sérvia e Libéria) e foi retirado um, o Zimbábue, que não apresentava números de PIB per capita confiáveis. O grupo de países de alto desenvolvimento humano cresceu de 70 para 75 nações o de médio desenvolvimento humano (IDH entre 0,500 e 0,799) caiu de 85 para 78 e o de baixo desenvolvimento humano também cresceu, de 22 para 26 países. O PNUD aponta a continuidade de uma tendência de crescimento do IDH no mundo e credita a queda nos índices de alguns países à maior precisão no cálculo.

Clique aqui para acessar a tabela com o ranking IDH.

Fonte: Pnud